A história da ciência nos quadrinhos
está intimamente relacionada à história da ficção-científica nos quadrinhos. O
que não espanta, se lembrarmos a definição de Isaac Asimov: “A ficção científica é o ramo da literatura
que trata das respostas do homem às mudanças ocorridas ao nível da ciências e
da tecnologia”[1]
Bráulio
Tavares lembra que cada ciência “manipula
um universo próprio, onde há uma vasta área central já explorada, catalogada e
resolvida, - e um imenso pantanal de dúvidas e contradição ao redor. É na
fronteira entre esses dois terrenos que a fc faz suas incursões” [2]
A
primeira HQ de f.c. surgiu no final da década de 20, junto com as primeiras do
gênero aventura e policial. Até então todas as histórias em quadrinhos eram
humorísticas, razão pela qual essa mídia é chamada até os dias de hoje de comics nos EUA.
Buck Rogers foi publicado pela primeira
vez em tiras no jornal Courier Press,
no dia 27 de janeiro de 1929. Sua origem se encontra no conto Armagedon 2419 AD, escrito por Philiph
(Phil) Nowlan e publicado no magazine Amazing
Stories em agosto de 1928. O conto narrava a história de um piloto
americano da época no século XXV:
Nowlan
tomou como ponto de partida uma idéia simples, já utilizada em “Rip Van Winkle”, novela de Washington
Irving: Rogers, que um desabamento soterrara numa mina, adormecia por inalação
de um gás radioactivo, para só acordar quinhentos anos depois. Ao sair da mina,
encontrava-se num mundo inteiramente
diferente. A América que ele conhecera estava totalmente destroçada e os
americanos tinham-se tornado uma raça perseguida na sua própria terra,
escondendo-se nas densas florestas que cobriam as ruínas das cidades outrora
magníficas tentando desesperadamente preservar nos seus esconderijos secretos o
que restava de sua cultura e ciência.
[3]
O
editor da revista, John Dillle, percebendo o sucesso do conto, sugeriu a Nowlan
que adaptasse a história para as tiras de jornais. Para isso, foi contratado o
desenhista Richard (Dick) Calkins, que deu um tom barroco à obra com desenhos
repletos de minúncias. Na adaptação foram feitas algumas pequenas modificações,
entre elas o nome do personagem, alterado para Buck Rogers, nome inspirado no popular cowboy do cinema, Buck Jones.
A
tira tornou-se rapidamente um sucesso, sendo, entre 1929 e 1967, traduzida para
dezoito línguas e aparecendo em mais de 450 jornais.
O
famoso escritor de ficção científica, Ray Bradbury, revela que o som mais
agradável de sua infância era o ruído do jornal atirado no jardim, trazendo as
páginas dominicais coloridas de Buck
Rogers:
Júlio
Verne foi meu pai. H. G. Wells foi meu sábio tio. Edgar Allan Poe foi o primo
com asas de morcego que guardávamos lá em cima, na sala do sótão. Flash Gordon
e Buck Rogers foram meus irmão e amigos. Aí têm minha ascendência. [4]
Segundo
Álvaro de Moya, Buck Rogers “tinha uma
equipe de cinco escritores especialistas, inclusive um metereologista, prof.
Selby Maxwell, mantendo o vivo tom pseudocientífico” [5].
Buck
Rogers é, sem sombra de dúvidas, uma HQ de f.c. Embora na historieta os
americanos vivam em florestas, expulsos das grandes cidades pelo poderio
mongol, seus cientistas criam aparatos tecnológicos avançados, alguns deles
ainda não igualados no mundo real.
Logo na terceira tira,
Wilma, a heroina da história, apresenta a Rogers uma mochila anti-gravitacional
que lhe permite dar saltos tremendos: “A
mochila contém ‘inetron’ e tem peso negativo! Só pesa um ou dois quilos agora!”
[6]
Marco
Aurélio Luchetti lembra alguns dos aparatos frequentes nas tiras de Buck
Rogers:
Nela
já temos as armas de desintegração, as astronaves a jato, as botas magnéticas,
as cidades submarinas, os cintos voadores, o circuito fechado de televisão, a
minissaia, as plataformas espaciais, o raio laser e os robôs [7]
Em
1984, quando os primeiros astronautas passearam no espaço sem estarem ligados à
nave, Isaac Asimov lembrou-se inevitavelmente de Buck Rogers:
Recentemente,
dois astronautas flutuaram livremente no espaço, antes de seu ônibus espacial
pousar na Flórida. Eles não ficaram ligados à espaçonave. Saíram dela e
retornaram. Os mais velhos se lembrarão das histórias em quadrinhos de Buck
Rogers, nos anos 30 e 40. Tudo isso - o passeio espacial, a espaçonave movida a
foguetes, a mochila nas costas - já tinha acontecido nesses desenhos. [8]
Aliás,
já em 1929, Buck Rogers apresentava uma solução para o deslocamento no espaço -
utilizar o recuo da arma para direcionar o deslocamento: “O recuou da minha arma permite-me deslocar-me lateralmente”,
descobriu ele, maravilhado.[9]
Segundo Sérgio Augusto, uma explosão atômica já aparecia em Buck Rogers seis anos antes da bomba
atômica sobre Hiroshima. [10]
O
segundo herói de ficção científica foi Brick Bradford, escrito por Willian Ritt
e desenhado por Clarence Gray. Bradford apareceu pela primeira vez na tira
diária de 21 de agosto de 1933 no New
York Journal:
Embora
criado por Willian Ritt e Clarence Gray para correr na mesma faixa de leitores
de Buck Rogers, Brick Bradford não era um simples decalque do herói do século
XXV. Em sua cronosfera (espécie de pilão dotado de um mecanismo semelhante ao
da Time Machine de Wells), Bradford visitava mais o passado que o futuro. Ritt,
o autor, tinha fixação em antigas civilizações perdidas (viking, romana,
asteca, maia) e em comparar objetos e costumes milenares com os da sociedade
contemporânea. [11]
Embora
a Time Cop fosse nitidamente
inspirada na máquina de Wells, a mais famosa aventura de Bradford partiria de uma idéia bastante original. Em 1937,
Brick
Bradford, em companhia do sábio Kalla Kopak, vivia uma aventura ainda mais
estranha (08/02/1937 a 08/01/1938): instalados numa esfera que um raio
prodigioso - o kopakium - reduzira o volume até ficar mais pequena do que um
microscópico grão de areia, os dois homens penetraram no interior de uma moeda
de cobre, cujo mundo molecular exploraram com minúncia, encontrando vestígios
de civilizações desaparecidas, mundos com faunas e floras primitivas, outros
habitados por pessoas muito parecidas com os humanos e submetidas às mesmas
viscissitudes e, por fim, chegam ao coração de um átomo de cobre, que descobrem
estar organizado como um sistema solar em miniatura. A viagem termina onde
começa, isto é, os dois exploradores (a quem se juntara uma passageira
clandestina, June Salisbury) reaparecem no seu laboratório alguns minutos
apenas depois de o terem deixado. A contracção do espaço e do tempo fora
simultânea.[12]
Ao
menos até o momento, parece não haver um caráter de antecipação na aventura de Bradford. Entretanto, chama atenção o
fato de Rittt ter partido de teorias científicas para construir seu roteiro:
Ritt
aproveitou-se da teoria dos mundos e submundos do universo atômico. Nela (na
aventura), o Doutor Kopak descobre um
novo elemento, de número atômico químico batizado de kopakium - este elemento,
de número atômico 85, era justamente o que faltava à Tabela Periódica dos
elementos Químicos, organizada pelo químico russo Ivanovitch Mendeleiv
(1834-1907) [13]
O
resultado disso é uma espécie de divulgação científica disfarçada. Ao ler Bradford, o leitor assimila a idéia do
átomo a partir de uma metáfora coerente: o átomo é como um mini-sistema solar
no qual o núcleo faz as vezes do sol e elétrons passam-se pelos planetas.
Embutida na aventura, temos uma visão de
mundo. Lendo a história, o garoto descobre que também o jornal é formado de
átomos, acompanhando o raciocínio do
professor Kopak:
Você
sabe que o universo constitui-se de milhões de sistemas solares. Na realidade,
os átomos são sistemas solares infinitamente pequenos... Veja este pedaço de
metal: ele forma um verdadeiro universo, comparável ao nosso. Creio que cada
mundo contém uma infinidade de outros mundos.[14]
Embora
a noção de átomo nos pareça óbvia, no início do século ainda era uma grande
novidade científica:
O
que mais nos surpeende nessa aventura, talvez a mais famosa de Brick Bradford,
é o seu rigor científico, a alusão à constituição íntima da matéria numa época,
precisamente, em que pouco se falava disso, em que o átomo não passava ainda,
para o grande público, de um ilustre desconhecido.[15]
Assim,
o leitor de Bradford realiza lá suas
sinapses, imaginando um mundo composto de átomos que são como sistemas solares
em miniatura. Ele passa a enxergar um outro mundo (como numa mudança de
paradígma), pois a compreensão de que mesmo as coisas grandes como a sequoia ou
um edíficio são compostos de partículas invisíveis a olho nu, essa compreensão
requer uma boa dose de abstração. Talvez o fato de que até mesmo um trabalhador
braçal, sem muitos conhecimentos científicos, aceite sem grande relutância a
idéia de um universo composto por átomos tenha sua origem na aventura de Bradford.
No
dia 7 de janeiro de 1934 era publicado pela primeira vez, nos jornais
americanos, aquele que seria o mais famoso dos heróis de ficção científica das
HQs clássicas: Flash Gordon.
Desenhada por Alex Raymond, a página mostrava Flash, um esportista norte-americano e Dale Arden, que embarcam
contra a vontade no foguete do Dr. Zarkov. O objetivo do cientista é usar a
astronave para desviar um planetóide que se aproxima perigosamente da Terra. O
foguete é sugado pela força gravitacional do planeta e nossos heróis se vêm em
Mongo, um planeta governado pelo tirano Ming,
uma terra do impossível, com Homens Leão, monstros a granel e todo tipo de
aventura:
Em
pouco tempo, Flash suplantou Buck Rogers no gosto do público, uma vez que esta
estava presa às imposições científicas da época - seus autores eram orientados
pelo professor Selby Maxell - e Raymond não tinha limites para sua imaginação,
soltado-a em grandes vôos e dando a Flash Gordon um caráter de pura fantasia. [16]
Curiosamente,
embora estivese menos atrelado à realidade científica da época (e talvez por
isso mesmo), Raymond intuiu muito mais sobre o futuro da ciência e da técnica
que qualquer outro quadrinista de sua época. Tanto que muitos o chamam de
“visionário”. Sérgio Augusto lembra que quando Flash Gordon foi criado,
foguetes,
raios atômicos e assombros do mesmo porte não passavam de quimeras acalentadas
por cientistas visionários e ficcionistas delirantes. O trator a diesel, o
aparelho de barbear elétrico, o carro anfíbio, a célula fotoelétrica e o
microscópio eletrônico haviam sido inventados fazia pouco tempo. O radar, porém
só o seria um mês depois da viagem de Flash Gordon ao planeta Mongo. E o mesmo
se diga da cabine pressurizada, imprescindível ao mais modesto giro sideral,
cuja descoberta data de 1938.
[17]
Augusto
alerta, no entanto, que Raymond inventou muito menos do que os seus fãs
apregoam. Sua maior contribuição foi tornar corriqueiras certas engenhocas
ainda em estágio experimental no limiar dos anos 30, como o videofone e o
flash.
É certo, porém que, além de
influenciar Mary Quant com a minissaia de Dale Arden, antecipou o forno de
microondas, diversificou as mil e uma utilidades do raio laser (só patenteado
em 1960) e intuiu todo o mecanismo de segurança e conforto dos futuros
astronautas. Num de seus boletins oficiais, a NASA reconheceu haver-se
inspirado nos quadrinhos de Flash Gordon para solucionar determinados problemas
de suas cosmonaves [18]
Criado
por Chester Gould e publicado pela primeira vez em 04 de outubro de de 1931, Dick Tracy é, essencialmente, um
personagem pertencente ao gênero policial. Entretanto, na década de 40, Tracy
fez sua incursão na ficção-científica ao visitar a Lua numa nave espacial.
Gould, que havia imaginado o telefone celular comodamente instalado no pulso,
antecipou a importância do desenvolvimento das telecomunicações para a
conquista espacial, o que levou a revista National
Geographic a chamá-lo de gênio visionário:
Visionary genius, artist
Chester Gould antecipated the feats of the space age with élan, if not
exactitude. In the 1940’s, when many astronauts were still in diapers, Gould’s
superdetective Dick Tracy and his scientist cohort, Diet Smith, roamed the
universe in a atomic-powered Space Coupe and used lasers to process gold on the
moon. Tracy first employed his two-way radio in the service of justice on
january, 20, 1946. A more advanced version included a TV receiver, used by
Tracy to comunicate with autorities on the Moon. [19]
Nos últimos anos da década de 30 surgiu aquele que
seria o iniciador de um novo gênero, só existente nos quadrinhos:
Os
super-heróis, subprodutos da ficção científica, começaram a nascer ao findar da
década de 30, no lastro de Super-homem (1938), centro geométrico de três temas
fundamentais da s.f. (fim do mundo= destruição do planeta Krypton, viagens
interplanetárias e poderes sobrenaturais) [20]
Embora
atualmente os super-heróis constituam um gênero completamente independente, não
há dúvida alguma de que o Super-homem
teve sua origem na ficção científica:
Siegel
e Shuster eram fãs de histórias de ficção científica e, quando se conheceram
aos 16 anos, começaram a criar histórias no jornal da escola e num fanzine
mimeografado chamado Science Fiction. Foi nesse folhetim, em janeiro de 1933,
que nasceu o Super-homem. O nome do personagem foi copiado de um anúncio da
revista pulp Doc Savage. Ele era um tirano do futuro, calvo e aterrador, que
tinha poderes mentais sobre-humanos. [21]
Jerry
Siegel teve a idéia de transformar a história em uma tira diária, mas Joe achou
que eram necessários alguns retoques.
Numa
noite quente de julho, em 1934, Jerry deitou-se na cama sem a menor vontade de
dormir e começou a pensar num Superman diferente - com um traje mais colorido e
justinho, como aqueles utilizados por Frank R. Paul e alguns outros
ilustradores de ficção científica. Alguém com uma identidade secreta - algo
como um repórter bem comportado. Surgiram idéias e mais idéias. Quando o dia
nasceu Jerry nem esperou pelo café para ir até a casa de Joe, contar sobre o
novo projeto. [22]
Nascia
o Super-homem como nós o conhecemos
hoje. Para estruturar seu personagem, Siegel baseou-se no livro Gladiator, de Philip Wylie,
um
estrondoso sucesso publicado em 1930 que o próprio Siegel havia resenhado no
seu fanzine Science Fiction (...) Wylie, através do seu personagem Hugo Dammer
dizia o seguinte: “...Por que não”, disse ele. “Veja os insetos - as formigas.
Uma força cem vezes superior à nossa. Uma formiga é capaz de carregar uma
aranha grande, no entanto, uma formiga é constituída de tecidos e fibras, tal
como o homem. Se um homem tivesse a mesma capacidade, poderia carregar sua
própria casa com ele. Considere os gafanhotos. Faça um homem tão forte quanto
um gafanhoto e ele será capaz de saltar sobre uma igreja” [23]
Na
página de abertura da revista Action
Comics, n# 1, podia-se ler o seguinte:
Uma
explicação científica da força admirável de Clark Kent. Inverossímil? Não!
Porque mesmo hoje, sobre o nosso mundo, existem criaturas com força
sobrenatural. A humilde formiga pode suportar pesos milhares de vezes maior que
o seu. O salto do gafanhoto, comparado à possibilidade humana, equivale ao pulo
de vários quarteirões de uma rua. Kent veio de um planeta cujos habitantes
tinham uma estrutura física milhões de anos mais avançada que a nossa e que,
atingidindo a maturidade, eram dotados de força prodigiosa. [24]
Portanto,
Siegel baseou, embora toscamente, a sua criatura em informações científicas. O
criador do Super-homem partia do
princípio de que o desenvolvimento da ciência seria acompanhado de um
desenvolvimento moral e físico. Uma idéia tipicamente moderna.
Não
por acaso, o pai do Super-homem é
Jor-el, um cientista. É ele que avisa ao conselho sobre o fim do planeta
Krypton. O conselho não o ouve e só Kar-el se salva. Jerry Siegel parece nos
dizer que, se não ouvirmos a ciência, estaremos perdidos. O cientista é a voz
da razão.
Mas
a importância maior é o fato de que Super-homem
tenha dado origem a uma legião de heróis tão mirabolantes que seus desenhistas
e roteiristas se viram obrigados, constantemente, a recorrer à ciência para
encontrar temas para uma infinidade de histórias.
Se,
nas HQs americanas, em especial nas de super-heróis, a ciência era vista como
solucionadora de problemas, na Europa já se começava uma reflexão sobre os
efeitos nocivos da ciência. Provavelmente, o primeiro quadrinista a se
preocupar com um eventual conflito atômico foi o belga Edgar Pierre Jacobs.
Jacobs
iniciou nos quadrinhos quando a revista Bravo
deixou de publicar Flash Gordon, a
partir da entrada dos EUA na guerra.
Num
certo momento começou a se publicar nesse semanário uma história de ficção
científica que era uma das primeiras a ser divulgada na Europa e que se chamava
Flash Gordon, de Alex Raymond. Era uma famosa série americana que tivera enorme êxito, mas fora
inesperadamente suspensa devido à entrada dos Estados Unidos na guerra. Pediram-me, então, como havia essa
interrupção, para retomar a continuação de Flash Gordon. O aspecto cômico do
caso é que eu não fazia a menor idéia do argumento original”[25]
Jacobs,
portanto, passou a escrever e desenhar Flash
Gordon, agora rebatizado como Gordon,
L’Intrepide. Depois, tendo tomado gosto pelas HQs e pela ficção científica,
Jacobs concebeu Le rayon U, publicado
no semanário Bravo, de 1943 a 44.
Nessa
história
Jacobs
não dissimulava a sua preocupação com um
eventual conflito atômico mundial. O tema da neurose atômica, justificável na
época, surge frequentemente em sua obra de s.f. em quadrinhos (Le Secret de
L’Espadon, O Enígma da Atlântida, Piègue Diabolique) e a solução por ele
encontrada, com vistas a um novo mundo, utópico à outrance, esta simbolizada nos idéiais filosóficos e políticos de
Platão [26]
Também
na Europa, tínhamos uma das primeiras viagens à Lua ocorridas dentro de um
projeto governamental. [27]
Nos álbuns Rumo à Lua (1953) e Explorando a Lua (1954), Tintin e seus
amigos viajam pelo espaço num foguete de um grande projeto governamental:
Em
Rumo à Lua, Tintin e o Capitão
Haddock são convidados pelo professor Girassol a irem até a Sildária, onde
alguns anos antes haviam sido descobertas ricas jazidas de urânio. O governo
Sildano, então, empreendera a criação de um centro de pesquisas atômicas,
convocando diversos sábios do mundo, entre os quais Girassol, a fazerem parte
dele. A Girassol fora confiada a direção da seção de astronáutica, um ramo da
ciência que domina muito bem. O professor, sempre secundado pelo Engenheiro
Frank Wolf, desenvolveu os planos de um foguete de propulsão a jato, o X-FLR 6,
com o qual pretende chegar à Lua. Tintin e o Capitão Haddock são seus parceiros
nessa arriscada aventura.[28]
Na
história não faltam os elementos que caracterizariam o projeto espacial norte
americano: há o controle de Terra, a contagem regressiva, o suspense....
Segundo Marco Aurélio Luchetti, “Os
trajes e os veículos usados por Tintin e seus amigos nesta exploração não ficam
a dever nada àqueles utilizados por americanos e russos em suas viagens
espaciais” [29]
Voltando
à América, no início dos anos 40 vivia-se uma expansão incomparável de comic
boocks, numa época que ficou conhecida como a era de ouro dos super-heróis: “No início de 1942 registrava-se nos EUA 143
revistas de quadrinhos que eram publicadas periodicamente e eram lidas por 50
milhões de pessoas mensalmente” [30]
Os
pobres roteiristas tinham de arranjar argumentos em qualquer lugar. E a ciência
entrou nos quadrinhos de forma massiva. Super-homem
ganhou um vilão, Lex Luthor, que era
um cientista. O Capitão Marvel tinha
como inimigo um cientista megalomaníaco, o Doutor
Silvana. Mas o primeiro herói a ganhar seus poderes graças à ciência foi
mesmo o Capitão América.
Em
março de 1941, o roteirista Joe Simon teve a idéia de criar um novo personagem
que fosse capaz de realizar o sonho de todos os garotos americanos: socar
Hitler, o grande vilão da vida real. [31]
Martin
Goodman, chefão da Timely, futura Marvel Comics, gostou tanto da idéia que
decidiu lançar uma nova revista às presas. Afinal, sendo uma pessoa real,
Hitler, o grande vilão da série, poderia morrer de repente e comprometer a
tiragem. Goodman sugeriu que um time de artistas assumisse o título e
trabalhasse noite e dia até que “ou completassem o trabalho ou caíssem mortos,
o que ocorrer primeiro”. Jacob Kurtzberg, aliás Jack Kirby, o artisa preferido
de Simon, pressentiu o sucesso e pediu para desenhar todas as histórias
sozinho, jurando que cumpriria os prazos. Joe Simon consentiu e assinou com
Jack Kirby os dez primeiros exemplares da HQ mais popular dos anos da guerra. [32]
Os
primeiros números da revista mostravam o jovem Steve Rogers, um rapaz franzino,
mas patriótico, que decide participar de um experimento governamental para a
criação de um super-soldado. Assim, o professor Rienstein aplica em Rogers um
soro de substâncias desconhecidas, que desenvolve espetacularmente a sua
musculatura. Para o químico Sérgio Massaro, professor da Universidade de São
Paulo, o soro do super-soldado era, na verdade, um composto de anabolizantes: “O Capitão América agiu como o velocista
canadense Ben Johson, que usou anabolizantes para ficar mais forte”[33]
O
personagem Flash Gordon, desgastado
desde que Raymond o abandonara em 1944, ganhou novo fôlego em novembro de 1951,
com o relançamento de suas tiras diárias com o desenho e roteiro de Dan Barry (mais tarde os
roteiros seriam escritos por Harvey Kurtzman). O trabalho de Barry, no início,
foi uma das mais exatas antecipações da era espacial já surgida nos comics: “No início, Barry tentou um estilo próximo à
realidade cientifíca da época, com espaçanaves, lançamentos e plataformas
espaciais que pareciam saídas das pranchetas do técnicos do Projeto
Aeroespacial Norte-Americano” [34]
Barry
era fã de ficção científica e o seu Flash
Gordon é repleto de citações de autores desse gênero, tais como Isaac
Asimov e Arthur Clark. Já a primeira tira começa com o seguinte texto: “Numa fria noite de inverno, um foguete é
lançado nos céus de Ohio”[35]. Uma clara referência ao livro Crônicas Marcianas, de Ray Bradbury, que
se inicia da seguinte forma: “Um minuto antes, era inverno em Ohio”.
O
foguete, a plataforma espacial e as roupas, comparados com aquele do programa
espacial norte-americano, revelam forte semelhança:
As
imagens da partida de um foguetão tripulado para o espaço tornaram-se
presentemente bem familiares, quase fazendo parte do nosso cotidiano... mas é
curioso lembrar que decorreram 17 anos desde que o desenhador Dan Barry as
concebeu até se transformarem em realidade![36]
A
ficção científica também ganharia espaço no início da década de 50 na editora
EC Comics. A editora surgira na década de 40, fundada por Max Gaines,
considerado por muitos o criador dos comic boocks[37].
Entretanto,
com a morte de Max, seu filho, Willian, se viu na responsabilidade de levar à
frente uma editora que parecia muito pouco sinconizada com seu tempo. (Entre
outras coisas a EC, que então se chamava Educational Comics, publicava
histórias bíblicas). Ele foi procurado, então, pelo desenhista e roteirista All
Feldstein, que propunha uma mudança completa nos rumos da editora, a chamada
New Trend. A EC, com seu nome trocado para Entretainement Comics, passou a
publicar revistas de terror, de guerra, policiais e de ficção científica.
A
EC foi a principal vítima nos quadrinhos da perseguição McCarthista,
perseguição essa agravada pelos ataques do psicanalista Frederick Werthan.
Werthan
iniciou sua campanha pública contra os quadrinhos em 1948, com o artigo Horror in the Nursey, publicado na
revista Collier.
Horror
marcava o início do estudo de sete anos de Werthan sobre os efeitos dos gibis
nas crianças, resultado do qual formou a base de Seduction of the Innocente. No
artigo, Werthan argumentou que “O número de ‘bons’ quadrinhos não vale a pena
ser discutido, mas o grande número do que se faz passar por ‘bom’ certamente
merece uma atenção mais cuidadosa”.[38]
Em
dezembro de 1948 os ataques de Werthan já começavam a surtir efeito. A revista Time daquele mês relatou uma queima de
gibis recolhidos de casa em casa na cidade de Binghamton, no estado de Nova
York.
A
base do livro Sedução dos Inocentes
era de que os crimes cometidos nas histórias em quadrinhos eram copiados por
crianças. Para isso, ele apresentava diversos casos de deliquência juvenil em
que os acusados admitiam ter se inspirado nos gibis:
Após
as primeiras manifestações contra os quadrinhos em 1948, os jornais e revistas
encheram-se de reportagens sobre crimes juvenis que copiavam os retratados nas
HQs; grande número dessas admissões podem ter sido obtidas porque as crianças
rapidamente aprenderam que pôr a culpa nos quadrinhos era uma maneira fácil de
ganhar simpatia.[39]
Werthan
insistia que as HQs eram um meio de
comunicação exclusivamente infantil, uma percepção sem dúvida equivocada. Em
pesquisa realizada em 1962, E. Robinson e Manning White descobriram que a
leitura de quadrinhos atinge seu ponto máximo entre 30 e 39 anos, e declina em
seguida, lentamente:
Ao
contrário da idéia geral da população adulta a respeito dos admiradores das
histórias em quadrinhos, os leitores destas como regra encontram-se no grupo
mais culto e não como excessão”. A diminuição do interesse após os 40 anos é
mais provável que seja o sinal de uma nascente esclerose intelectual que o
florescimento da maturidade.[40]
Entretanto,
o método mais insidioso usado por Werthan era a alegação de culpa por
associação: “Muitas crianças que cometiam
crimes liam quadrinhos e, portanto, de acordo com Werthan, os quadrinhos eram a
causa da deliquência juvenil”.[41]
Em
1954, influenciado pela campanha de Werthan,
o senado americano formou uma subcomissão para investigar o efeito dos
quadrinhos sobre a delinquência juvenil.
Durante
as audiências, Werthan e outros especialistas em deliquência juvenil foram
chamados para testemunhar, bem como o editor da E.C. Comics, Willian Gaines,
representantes da Marvel, da D.C. e vários distribuidores, anunciantes e
revendedores (...) O testemunho de Werthan, entretanto, ecoou os sentimentos
que ele havia exposto em Seduction e fez sua exposição de maneira impecável.
Quando a comissão do Senado sobre deliquência juvenil se reuniu, em junho, para
concluir sua investigação, as opniões do respeitável psquiatra devem ter pesado
muito.[42]
A
declaração do senador Robert Hendrickson resumiu a conclusão da comissão:
qualquer
ação por parte das editoras de revistas em quadrinhos de crime e horror, ou por
parte dos distribuidores, atacadistas e revendedores destes materiais que
tendam a eliminar sua produção e venda será recebida com o meu aplauso e o de
meus colegas.[43]
As
editoras, alarmadas com a possibilidade de perderem o seu negócio, decidiram
pela criação de um Comics Code que
praticamente proibia os gibis da EC. Ainda assim, a produção da EC é das mais
volumosas e de melhor qualidade da história dos quadrinhos. Sua contribuição
para a ficção científica nos quadrinhos é única: “Com Weird Fantasy e Weird Science, as histórias-em-quadrinhos de ficção
científica igualaram-se à ficção científica literária”. [44]
A
novidade trazida pela EC no campo da ficção científica era o da crítica mordaz
do seu redator, All Feldstein. Peguemos como exemplo a HQ A Chegada, com desenhos de All Willianson. Ela nos mostra os
habitantes do planeta Marte observando com cuidado científico a Terra. Até
perceberem uma alteração: “Numa
determinada noite eles viram! Viram se apagar os pequenos pontos de luz que se
espalhavam pelas áreas da Terra, viram um forte brilho envolver a esfera verde,
engolindo-a com um horrível clarão de fúria atômica”.[45]
Milhares
de anos depois do holocausto nuclear, os marcianos presenciam, estupefatos, a
aproximação de uma nave terrestre. Pelo rádio da nave, os terrestres explicam o
que aconteceu, fazendo uma retrospectiva da história humana e suas conquistas:
a lança, as pirâmides, as grandes navegações... Apesar de seus avanços, o homem
teimava em regredir, realizando a matança em massa dos seus semelhantes, que
era chamada de guerra. “Mas, apesar
dessas regressões temporárias, o homem continuou seu avanço. Grandes
descobertas foram feitas.. como aquela luz que viram... O problema de voar foi
resolvido e o ar acima da cabeça dos homens foi conquistado”. [46]
Entretanto,
em uma de suas regressões, o homem usou uma arma devastadora e holocausto
nuclear se abateu sobre a face do planeta. Mas nem toda vida foi exterminada,
como prova o pequeno foguete. Entretanto, quando a porta se abre, não são os
humanos que saem: “As formas acizentadas saltaram para a superfície marciana. Seus
bigodinhos vibraram e seus olhinhos iguais a contas brilhavam refletindo
amizade... Ali estava a grande raça da
Terra! Ali estavam os ratos!”.[47]
A
história reflete o ataque ácido ao militarismo. Uma postura característica da
EC. Os autores já alertavam para o fato de que a mesma ciência que criava a luz
e permitia que o homem se elevasse aos céus fora também a criadora da arma
capaz de exterminar a vida sobre a face do planeta. Ao contrário dos que haviam
abordado o assunto anteriormente, os autores não são otimistas: a guerra
nuclear será o fim da espécie humana.
A
EC não trata seus jovens leitores com luvas de pelica. Fatos como o perigo do
conflito atômico e o holocausto dos judeus nos campos de concentração alemães
são mostrados de forma nua e crua. A propaganda pacifista da EC é chocante. Os
soldados americanos nem sempre são mostrados como heróis e o inimigo é visto
como um ser humano normal.
Não
espanta que a EC tivesse provocado a ira dos conservadores norte-americanos,
que chegaram a queimar suas revistas em praça pública.
Depois
disso as editoras se tornaram cautelosas. Pouca
coisa era inovadora e mesmo os gibis de ficção científica se tornaram
comportados. Vamos encontrar um exemplo disso na revista Homem do Espaço, da editora Cruzeiro, provavelmente uma versão da
revista Mystery in Space, da então
National e atual DC Comics. A revista mostra um robô tentando descobrir a
cabeça que tem a informação que ajudará a salvar a Terra. Em outra história da
mesma revista um imprudente inventor poderá acabar com todos os homens ao usar
sua máquina solar. Ao contrário das histórias da EC, os perigos não se
concretizam . Sempre há um meio de
evitar o desastre e as histórias comumente terminam com uma lição otimista do
tipo: “Embra você perca muitas vezes... um dia ganhará... se for bastante
persistinte”[48]
Um
fato curioso é que, entre as histórias, os gibis tinham seções de curiosidades científicas, como a
comparação entre o pé humano e de alguns macacos, a informação de que, a cada
milha o homem exerce sobre seus pés uma pressão de 250 toneladas...
Na
década de 60 temos um curioso caso de antecipação. Trata-se de Magnus, o Caçador de Robôs, desenhado
por Russ Manning e publicado pela editora norte-americana Western. Magnus vive
num mundo repleto de robôs, que fazem todos os serviços que antes eram
reservados aos humanos: são copeiros, garçons, policiais, mensageiros. Magnus acha que esse estado de coisas
enfraquecerá a humanidade: “Creio que os homens se tornaram fracos por
dependerem tanto dos robôs... talvez se os homens lidassem com menos servos de
metal, pudessem se tornar fortes novamente”.[49]
As
histórias de Magnus giram sempre em
torno de situações nas quais, embora sejam bem-intencionados, os robos acabam
causando grandes problemas. E é numa dessas situações que vamos encontrar a
primeira referência ao vírus de computador. O vilão XYTKOL, senhor do mundo Malev-6
engendra um plano para dominar o planeta Terra. Para isso desenvolve uma
substância que deixa loucos os robôs que entram em contato com ela: “Ali está,
em forma concentrada, a peste que desenvolvi e soltei sobre os robôs da Nova
América! A peste é um parasita que supre, e destrói, o ‘quantum’ energético
privado que aciona os relés e conexões de todos os robôs. [50]
Em
suma, os criadores imaginaram o vírus de computador numa época em que os
computadores eram imensos e a idéia de que eles poderiam ficar doentes parecia
absurda.
Mas
só seria possível ver algo realmente inovador
nos quadrinhos a partir da década de 60 com a Marvel. A primeira
inovação foi a série de personagens criados por Jack Kirby e Stan Lee:
Martin
Goodman, editor da Marvel, inspirado no sucesso de Justice League of America,
um título da concorrente DC, pediu ao autor Stan Lee, com o auxílio de Jack
Kirby, que era o principal artista da época, apresentou um grupo de personagens
com um cientista que conseguia se esticar feito o Homem Borracha, uma garota
que ficava invisível, um adolescente que era um clone do Tocha Humana e um
brutamontes feioso com força descomunal: The
Fantastic Four. Este time de heróis estreou diretamente em sua própria
revista em novembro de 61. A novidade é que os heróis do Fanstastic Four não
eram perfeitos ou infalíveis. Muito ao contrário, tinham fraquezas humanas e
sofriam de problemas que tinham muito mais a ver com pessoas comuns do que com
heróis, ou no caso deles, super-heróis.
[51]
Os
heróis da Marvel foram provavelmente aqueles que mais beberam na fonte da
ciência e da técnica. Red Richard, o Homem Borracha do Fantastic Four, era um cientista. O Homem de Ferro usa uma armadura não só para protegê-lo como para
proteger seu coração, sempre ameaçado de uma ataque. Surgem os mutantes, na
figura dos X-Men, o doutor Banner
torna-se um monstro verde graças à radiação de raios gama.
Já
no Quarteto Fantástico, tínhamos o
primeiro exemplo de antecipação da Marvel:
Outro
exemplo de como, às vezes, os heróis de quadrinhos se antecipam em relação à
ciência são as histórias do Quarteto
Fantástico, criado em1961, com textos de Stan Lee e desenhos de jack Kirby.
Em suas aventuras, o grupo de super-heróis usava computadores para simular o
resultado de experiências - o que se faz, hoje em dia.[52]
Portanto,
a realidade virtual surgiu nos quadrinhos muito antes de se tornar rotina na
experimentação científica.
Outra
grande antecipação da Marvel se deu no campo da engenharia genética. Numa época
em que a ciência achava difícil a clonagem de um ser mais complexo que um
girino, que durava poucos dias, o
roteirista Gerry Conway previu a clonagem de seres humanos numa história do Homem Aranha na história, publicada em
1975.
Segundo
Conway, a história foi criada para resolver um problema de relações públicas.
Algum tempo antes a Marvel publicara a antológica história em que Gwen Stacy, a
namorada de Peter Parker, morria.
Foi,
para dizer o mínimo, um desastre de relações públicas. Recebemos muitas cartas
e telefonemas. Os leitores nos odiaram. A situação ficou incontrolável. Stan
(Lee) até foi encurralado por vários indivíduos numa conferência na faculdade:
“Como pôde fazer aquilo?”, perguntavam. “Como pôde matar Gwen Sttacy?”.
Explodiram vaias, apupos, gritos exigindo sangue! A platéia se manifestou em
uníssono, pedindo vingança.[53]
Stan
Lee, o cabeça da Marvel, chegou à conclusão de que a única maneira de aplacar a
fúria dos leitores era trazer a menina de volta:
Stan
decidiu que matar Gwen Stacy tinha sido um erro que precisava ser corrigido, e
me disse que a queria de volta. Eu objetei, alegando que uma das tradições mais
sagradas da Marvel - se não a mais sagrada - era que, quando alguém morria,
permanecia morto. E Gwen estava morta, não podíamos trazê-la de volta. “Vocês
são inteligentes”, ele disse para Roy Thomas e eu. “Façam qualquer coisa, mas
tragam-na de volta”.[54]
Conway
conta que quebrou a cabeça durante meses, tentando imaginar o que fazer. Como
trazer Gwen de volta sem zombar dos sentimentos do leitores, dizendo que a garota
não havia morrido? A resposta veio da engenharia genética, um campo que ainda
estava engatinhando na época. Conway introduziu na trama um professor de
biologia que teria coletado amostras de células de todos na classe de faculdade
onde Parker e Gwen Stacy estudavam. Depois da morte da garota, o professor
resolve criar um clone dela usando as amostras de células. Posteriormente ele
chega a criar um clone do próprio Homem-Aranha.
Na
época, quando máximo que se conseguia era clonar um girino, os cientistas
objetariam que, mesmo que fosse possível produzir um clone de um ser tão
complexo quanto um ser humano, seria impossível fazer isso a partir de uma
célula especializada (a história não explicita que tipo de células foram usadas
na clonagem, mas deixa a entender que foram de sangue).
Esse
tabu foi quebrado pelo embriologista escocês Iam Wilmut, quando este anunciou o
processo de clonagem que resultou na ovelha Dolly.
Até
a ovelhinha Dolly, o máximo de sucesso havia sido a produção de um par de
cenouras indênticas. Chegou-se a produzir clones de embriões de sapo, mas os
girinos não resistiam muitos dias. Do ponto de vista de engenharia genética, a
experiência de Wilmut deu novas e descocertantes certezas científicas.
Desconfiava-se que a cadeia de DNA do interior de cada célula era apenas um
trecho com instruções específicas para o desenvolvimento da parte do corpo a
que pertence. Ou seja: células da pele teriam instrução para o crescimento da
pele, células do cabelo para o crescimento do cabelo, e assim por diante. A
clonagem de Wilmut provou que essa suspeita é equivocada. Qualquer célula
contém todas as instruções genéticas para o desenvolvimento de todo o organismo.[55]
Portanto,
a clonagem de Gwen Stacy era perfeitamente possível do ponto de vista científico,
embora não fosse possível na época em que a história foi escrita. Na verdade,
ela só se torna possível hoje, mais de vinte anos depois.
Também
da Marvel surge, em 1963, um grupo de heróis que iriam popularizar um dos
conceitos mais difícieis da teoria da evolução, de Darwin.
Os X-Men são um grupo de heróis juvenis que adquiriram seus poderes
graças a mutações genéticas. Segundo Isaac Asimov, “todas las especies están continuamente sujetas a mutaciones y em toda
generación surgem indivíduos ‘mutados’”.[56]
Carl Sagan explica a importância das mutações para a
evolução:
A
matéria prima da evolução são as mutações, alterações herdáveis, nas sequências
de nucleotídios que determinam as instruções hereditárias na molécula de
D.N.A.. As mutações são causadas pela radiatividade ambiente, pelos raios
cósmicos vindos do espaço, ou, como frequentemente ocorre, ao acaso. [57]
Estamos
diante não de um caso de antecipação, já que o conceito de mutação já era
conhecido dos cientistas muitos antes do tema ser abordado pelos quadrinhos.
Entretanto, os gibis serviram para popularizar, ou vulgarizar o termo. Os
leitores dos X-Men sabem, por
exemplo, que o Capitão América não
transmitirá seus poderes aos seus filhos, pois eles foram adquiridos ao longo
da vida. Por outro lado, há uma grande chance de um herói mutante transmitir
suas características ao seu filho.
Ainda
na década de 70, teríamos uma das primeiras tentativas de divulgação científica
declarada através de histórias em quadrinhos. Trata-se da série de álbuns A História do Universo, do matemático
Larry Gonick.
Gonick
tem formação científica. Formou-se em matemática na Universidade de Havard e
depois começou a vida como pesquisador. Abandonou essa vida em 1971 (confessou
que só entrou na carreira para agradar ao pai químico). Virou desenhista na
imprensa alternativa. Foi para a Califórnia, onde trabalhou com o criador dos
“Freak Brothers”, Gilbert Shelton. Começou, então, a saga de contar a história
universal. “Era um projeto modesto; ele queria, e conseguiu, contar 13 bilhões
de anoas da história do mundo em quadrinhos”, disse Shelton de seu pupilo.[58]
Na
HQ, que se estende por seis álbuns, Gonick dá informações que vão da astronomia
(o big bang, por exemplo), biologia (a origem do sexo), antropologia (o
comportamento de nossos antepassados) e história de forma divertida e
irreverente. A iniciativa recebeu o elogio de nomes ilustres da divulgação
científica:
Divulgadores
de ciência famosos gostaram dessa série. “Isso é mais do que quadrinhos. É uma
boa história, e eu recomendo”, disse o paleontólogo Richard Leakey. “O volume 1
é uma delícia”, disse o astrônomo Carl Sagan. E o já morto Isaac Asimov, o mais
prolífero dessa tribo, declarou que “você começa rindo e, logo depois, ainda
entre sorrisos, pensa: Não é que ele está certo?” [59]
A
crítica recebida pela história na imprensa brasileira é interessante por nos
mostrar um pouco sobre a relação entre ciência e quadrinhos:
O primeiro volume começa
no começo possível do universo, o Big Bang, a grande explosão que é hoje a resposta
mais aceita para a pergunta mais difícil da humanidade. O autor lembra que essa
é a “última e mais aceitável teoria sobre a origem do universo”, mas não diz
quais são as alternativa. Esse é o primeiro e talvez o maior problema do livro.
Muitas vezes a explicação de algo termina por ser estritamente sucinta, o que
deixa de lado hipóteses e teorias alternativas, que são parte e parcela do dia
a dia da ciência.[60]
Em
outras palavras, a obra de Gonick não é imparcial e objetiva, ainda que sendo
declaradamente de divulgação científica. O autor toma partido desta ou daquela
teoria e sua obra pode ser considerada como divulgadora de paradígmas. Seja o
Big Bang ou a teoria de que a espécie humana sobreviveu exterminando as outras:
Ao
tratar da evolução do homem, ele tem predileção por relatos que enfatizam a
violência, como “uma guerra de conquista e extermínio contra os Neandertal
movida por uma nova linhagem conhecida como Cro-magno”. Não há certeza de que
essa violência caracterizou as origens dos seres modernos. [61]
Contrastando
com a excelente iniciativa de Gonick, temos no início dos anos 80 um exemplo de
como a divulgação científica nos quadrinhos pode redundar em algo deplorável,
se mal realizada. Trata-se da série Proteus,
a Aventura da Ciêcia em Quadrinhos, de Jean Louis e Jamy.
Muito
mal disfarçada de ficção científica, a HQ tentava passar informações
científicas através do seguinte recurso: o gibi era acompanhado de uma revista,
que explicitava detalhes científicos. Como é explicado na terceira capa:
Ao
ler as aventuras de Proteus pelo universo, você encontrará balões e legendas de
cor amarela. Este é o sinal: ali estão algumas informações e curiosidades
científicas. Se você quiser mais informações sobre alguns dos assuntos, observe
os números desses balões e legendas. Esses números remetem para as perguntas e
respostas do encarte que acompanha cada episódio desta mini-série.[62]
Um
recurso sem dúvida curioso e interessante se fosse usado com um mínimo de
gênio. Uma vez que o leitor tem a oportunidade de abrir “janelas”, como se
lesse uma página da internet, o texto poderia ficar livre para contar a
história, dando, no entanto, dicas que incitassem a curiosidade dos leitores.
Ao invés disso, encontramos, aqui e ali, legendas com informações científicas
que parecem completamente deslocadas do restante da HQ. Não há uma unidade do
texto. Por exemplo, em uma sequência em que os heróis são levados para o
espaço, alguém diz que estão indo para APEX. O roteirista não perde a
oportunidade de explicar: “Apex é um
ponto do céu situado na constelação de Hércules, para o qual o sistema solar parece se dirigir uma velocidade de
cerca de 200 Km/s”.[63]
Como
já nos referimos antes, falta unidade ao texto. O desenho, por sua vez, é tosco
e sujo. Apesar da boa vontade dos autores, a HQ não consegue estimular a
curiosidade científica do leitor. O correto seria passar a impressão de que a
ciência serviu de inspiração à história,
e não que as situações foram criadas apenas para dar ensejo a que o roteirista
mostre o que sabe sobre ciência.
Temos
um exemplo mais feliz de divulgação com o Homem-
Animal, escrito pelo inglês Grant Morrison.
Morrison
começa sua atuação na revista do personagem criticando a utilização de animais
em experiências científicas. E aqui temos uma característica dos roteiristas
pós-modernos. Estes não se preocupam apenas em divulgar informações
científicas, ou em utilizar teorias ou fatos científicos como inspiração. Esses
autores - em especial os ingleses - se destacam por uma visão crítica da
ciência. Essa posição assemelha-se muito àquilo que Edgar Morin chama de
pensamento complexo.
Na
história que conta o ressurgimento do herói, vemos o personagem Fera Bwana tentando resgatar a macaca Djuba, presa num centro de pesquisas. O
Homem-Animal é contratado para
trazer a macaca de volta, envitando uma epidemia. A sequência em que o
cientista explica a situação é particularmente elucidativa:
Estávamos
tentando desenvolver um mutante do bacilo de carbúnculo para uso militar.
Queríamos conseguir um germe que destruísse os suprimentos do inimigo e, ao
mesmo tempo, fosse inofensivo para o exército invasor! Criar o bacilo mutante
foi a parte mais fácil! Tínhamos, então, de moldar o germe para se encaixar nas
diferenças entre os animais inferiores e os primatas! Uma de nossas tropas na África ouviu falar sobre
um macaco evoluído que vivia com um deus branco no monte Kilimanjaro! Não havia
nenhum sinal do deus branco... mas o macaco era real... vulnerável! Era um
espécime fascinante! Tão inteligente e amigável... que o pessoal de minha
equipe começou a dizer que era o elo
perdido! Pois agora está perdido mesmo... e carrega o bacilo mutante
consigo, que ainda é letal pros seres humanos![64]
No
final da saga, Fera Bwana funde o corpo da macaca com o do cientista e vemos o
conjunto resultante dessa fusão sendo levado para o que aparenta ser uma
vivissecação.
A
postura de Morrison relaciona-se com a crítica aos aspectos ideológicos da
ciência ao qual nos referimos anteriormente.
O discurso científico é
um discurso de autoridade, uma vez que ele não é compreendido pela maioria da
população leiga. Estes, não entendendo o discurso científico, resignam-se com
sua ignorância e deixam as decisões nas mãos dos especialistas. O resultado
disso, constantemente, são posturas anti-ecológicas e anti-humanitárias, tais
como desenvolver um bacilo mutante que destrua as provisões dos inimigos, ou
fazer experiências com animais.
Em
outra história, vemos o Homem-Animal
ajudando eco-terroristas a resgatar macacos com olhos costurados. Um deles explica
o objetivo dos olhos costurados: “Experimentos
com privação visual! Totalmente inúteis! Esses macacos passam a vida na
escuridão e depois são assassinados! Alguém ganha um fundo... escreve uma tese
sobre algo que todos os cientistas sabem!”[65].
Nessa mesma história, o herói vai à TV defender o fim das experiências com
animais.
Em
outra história, o Homem-Animal
enfrenta um artista thanagariano que pretende fazer explodir uma bomba caótica
sobre uma das linhas tectônicas da Terra, Em uma das cenas ele explica o
funcionamento da bomba:
Talvez
você familiarizado com os conceitos da geometria fractal? Uma forma fractal é
aquela que revela mais detalhes quando examinada de perto! Pode ser ampliada
indefinidamente e ainda revela novas complexidades. Ocorreu-me que a vida em si
pode ser entendida como tendo uma forma fractal! Então eu fiz uma bomba! (...)
Uma transmissão telepática simultânea vai bombardear os expectadores com tudo
que eu já disse, fiz ou testemunhei.[66]
Em
outra cena da mesma história, vemos um flash back em que o artista se lembra da
primeira vez em que viu uma forma fractal. Trata-se de uma imagem da família
Mandelbrot, rebatizada como conjunto Chiricca.
Em
Asilo Arkhan, também de Morrison e com desenhos do inglês Dave Mac Kean, temos
um outro exemplo da utilização da teoria do caos em uma HQ.
No
gibi os internos do manicônio se rebelam e exigem a presença de Batman. Começa,
então, uma viagem, que vai revelando novas complexidades à medida em que nos
aprofundamos nela.
Morrison
parte do conceito de Mandelbrot, segundo o qual as formas da natureza são
fractais que revelam mais detalhes à medida que aproximamos nosso olhar. Uma
montanha pode parecer um cone de longe, mas de perto é impossível ignorar as
reentrâncias e rugosidades. Morrison aplica o conceito à psicologia. Vistos de
longe os detentos são apenas loucos, mas de perto são muito mais complexos do
que isso.
Uma
das cenas mais interessantes é quando o Batman entra na cela do Chapeleiro
Louco. Na entrada, um jogo de espelhos faz com que a imagem do Batman se
multiplique até o infinito. A imagem é
auto-semelhante, como um fractal, apresentando também a mesma profundidade. O
discurso do Chapeleiro trata diretamente do tema:
A
aparente desordem do universo é só uma ordem mais elevada, uma intricada ordem
além da compreensão. Por isso as crianças me interessam. São todas loucas, mas
em cada uma está um adulto intricado. Ordem gerada do caos. Ou caos gerado da
ordem? [67]
À
certa altura, uma psicóloga tenta explicar a personalidade do Coringa usando os
conceitos da teoria do caos:
Diferente
de você ou de mim, o Coringa não parece ter controle sobre as informações
sensoriais que recebe do mundo externo. Sua mente só pode lidar com a barragem
caótica de estímulos deixando-se levar pelo fluxo. Por isso, alguns dias ele é
um palhaço infantil. Outros, um psicopata assassino. Ele não tem verdadeira
personalidade. Ele cria uma por dia.[68]
Por
fim, a própria narrativa é entrópica, misturando presente, passado e futuro com
os pontos de vista de vários personagens.
Outro
roteirista inglês, Neil Gaiman, criador da premiada versão atual do Sandman,
baseou uma das sagas do personagem, Um
Jogo de Você, em informações científicas a respeito dos pássaros. Ocorre
que muitos pássaros não reconhecem seus próprios filhotes e, assim, agem de
acordo com o instinto de cuidar do que está no ninho e ignorar o que está fora.
Segundo
Stephen Jay Gould,
esse
inflexível estilo de inteligência pode ser explorado e apossado por outras
espécies, com abominável propósito. Os cucos, por exemplo, botam os ovos em
ninhos de outros pássaros. Um filhote de cuco, em geral maior e mais vigoroso
que o legítimo habitante do ninho, freqüentemente expulsa os proprietários, que
então morrem, freneticamente mendigando comida, enquanto os pais seguem a
regra: não tomar conhecimento deles, em virtude de sua localização
inapropriada, e alimentar o cuco em seu lugar. [69]
Gaiman
aplicou o conceito ao mundo dos sonhos: o ser chamado Cuco entra nos sonhos de
Barbie e se alimenta de suas fantasias até destrui-la.
Também
no Brasil iremos encontrar amostras de divulgação científica. A história Geocinetogênese, de Cláudio Seto,
publicada na revista Próton, é um
exemplo disso.
A
história, contada como narrativa alternada, mostra, por um lado, um casal de
extra-terrestres entretido em diversões eróticas e, por outro lado, a história
do petróleo. O texto chega a ser quase didático:
No
fundo do mar, a fauna e a flora arrastados pelos rios, juntando-se aos restos
de animais e vegetais aquáticos... aos poucos foram formando uma camada de
matérias orgânicas constatemente alterada por bilhões de bactérias. Trabalhando
ativamente durante milhões de anos, as bacterias decompuseram a primitiva massa
orgânica... originando o líquido negro, denso e pegajoso: o petróleo bruto.[70]
Apesar
do didatismo, a história em nenhum momento perde o seu aspecto de diversão.
Embora aparentemente desconectadas, as duas narrativas acabam se unindo num
final curioso e divertido.
Outro
exemplo brasileiro é a revista A Era do
Halley, lançada pela editora Abril em 1984. Com roteiros de Luiz Antônio
Aguiar e desenhos de Roberto Kussumoto, a história aproveitava a verdadeira
febre que acompanhou a aproximação do cometa Halley. A revista trazia, ainda,
seção de artigos intitulada Atualidades, com textos do Dr. Ives do Monte Lima.
Infelizmente, o gibi só durou enquanto a onda do cometa Halley estava no seu
auge.
[2]TAVARES, Bráulio. O que é Ficção Científica. São Paulo,
Brasiliense, 1986, p. 23
[3]BUCK Rogers: Quando a B.D.
Conquistou o Espaço in NOWLAN, Phil & CALKINS, Dick. Buck Rogers. Lisboa, Futura, p. 42
[4]BRADBURY apud LUCHETTI, Marco
Aurélio. A Ficção Científica nos
Quadrinhos. São Paulo, GRD, 1991, p. 15
[5]MOYA, Álvaro. História das Histórias em Quadrinhos.
São Paulo, Brasiliense, 1994, p. 68
[6]NOWLAN, op. cit, p. 3
[7]LUCHETTI, op. cit, p. 18
[8]ASIMOV, Isaac. A verdade, apenas mais lenta que a
ficção. Jornal da Tarde, 10/03/84
[9]NOWLAN op. cit. , p. 22
[10]AUGUSTO,
Sérgio. Space Comics: um esboço histórico in MOYA, Álvaro de. SHAZAN!.
São Paulo, Perspectiva, 1977, p 189
[11]Ibid, p. 188-189
[12]BRICK Bradford - Explorador do
Imaginário in RITT, Willian & GRAY, Clarence. Brick Bradford. Lisboa, Editorial Futura, 1983, p. 4
[13]LUCHETTI, op cit, p. 24
[14]RITT, Willian & GRAY, Clarence. Brick Bradford: Viagem ao Interior de Uma
Moeda. Rio de Janeiro, Ebal, 1984, p. 3
[16]LUCHETTI op. cit, p. 29
[17]AUGUSTO,
Sérgio. O Cinquentão Flash Gordon in Ciência
Ilustrada, ano II, n# 17. São Paulo, Abril, fevereiro de 1984, p. 14
[18]Ibid, p. 14
[19]CANBY, Thomas Y. Satellites that
serve Us. National Geographic, v 164,
n33. Washington, , setembro de 1983, p. 291
[20]AUGUSTO,
op. cit.,1977, p 191
[21]MIRANDA,
Sérgio. O Reinado do Super-homem in Sandman,
56. São Paulo, Globo, 1996, p. 17
[22]BRIDWELL,
Nelson. É um pássaro? Um avião? in As
primeiras histórias do Superman. Porto Alegre, L&PM, 1987, p. 3
[23]DRAGO. O
Superstar dos Quadrinhos in Super-homem,
o homem de aço. Coleção Invictus, 2. São Paulo, Nova Sampa, 1992, pp. 6-7
[24]Ibid, p. 7
[25]JACOBS apud Luchetti, op cit. p.
88
[26]AUGUSTO,
op. cit, 1977, p. 192
[27]Curioso
notar que, a partir da Segunda Guerra, é
possível observar nos quadrinhos o surgimento de cientistas envolvidos em
projetos governamentais. Até então, ía-se ao espaço com foguetes de fundo de
quintal, como aquele de Zarkov, em Flash Gordon. A partir de 1945 os quadrinhos
passam a refletir uma realidade em que o cientista deixa de trabalhar sozinho
para trabalhar junto com outros cientistas, em grandes projetos governamentais
[28]LUCHETTI,op. cit., p. 95
[29]Ibid, p.
96
[30]SUPER
Cronologia dos Comic Boocks. Revista HQ
CD, 1. São Paulo, Nova Sampa, maio de 1997, p. 11
[31]Na
verdade, esse desejo foi realizado logo na capa do primeiro número da revista,
onde o Capitão apareceu socando o chefe nazista. No miolo do segundo número,
para vergonha geral do terceiro reich, Buck aparecia derrubando com único
pontapé Hitler e Goering
[32]PLASSE,
Marcel. O símbolo da América atravessa as décadas. O Estado de São Paulo, 6 de março de 1991, Caderno 2, p. 5
[33]MASSARO,
Sérgio apud OLIVEIRA, Lúcia Helena & GUSMAN, Sérgio. A Fantástica ciência
dos super-heróis. Super interessante,
ano 7, n# 9. São Paulo, Abril, setembro de 1993, p 22
[34]GOYDA.
Flash Gordon Depois de Raymond. BARRY,
Dan & KURYTZMAN, Harvey. Flash
Gordon. Porto Alegre, L&PM, 1991, p. 3
[35]Ibid, p.
4
[36]FLASH Gordon e o começo da era espacial. BARRY, Dan. Flash Gordon. Lisboa, Editorial Futura, Coleção Antologia da
BD Clássica, 1983, p. 4
[37] Ele
editara os dois primeiros exemplares do gênero, Funnies on Parade e Famous
Funnies: A Carnival of Comics, ambos de 1933
[38]CHRISTENSEN, Willian SEIFERT, Mark. Anos
Terríveis in Wizard, 7. São Paulo,
Globo, janeiro de 1997, p. 40.
[39]Ibid, p.
41.
[40]COUPIERE,
Pierre et alii. Histórias em Quadrinhos e
Comunicação de Massa. São Paulo, Masp, 1970, p. 151
[41]CHRISTENSEN & SEIFERT, op. cit.,
p. 41.
[42]Ibid, p. 42.
[44]Lucchetti, op. cit. , p. 64
[45]WILLIANONS, All & FELDSTEIN, All (?). A Chegada. Cripta do Terror. Rio de Janeiro, Record, 1991, p. 83
[46]Ibid, p. 87
[47]Ibid, p.
88
[48]HOMEM no Espaço. RJ, O Cruzeiro, 1962
[49]MANNING,
Russ. Os Robôs Enlouqueceram! in Buck
Rogers no Século 25, n# 2. Rio de Janeiro, Bloch, 1981, p. 31
[50]Ibid, p. 40
[51]SUPER Cronologia, p. 16
[52]GUSMAN, op. cit., p. 22
[53]CONWAY, Gerry. A Gênese do
Clone. Origens dos Super-heróis Marvel,
6. São Paulo, Abril, julho de 1997, p. 4
[54]Ibid, p.5
[55]GODOY, Noton. Se Todos Fossem
Iguais a Você in Istoé,1431. São
Paulo, Três, março de 1997, p 85
[56]ASIMOV, Isaac. Los Largatos Terribles. Espanha, Alianza
Cien, 1996, p. 34
[57]SAGN, Carl. Os Dragões do Éden. Rio de Janeiro,
Frrancisco Alves, 1985, p. 12
[58]QUADRINHOS
resumem o universo. Folha de São Paulo,
01de novembro de 1992
[59]Ibid
[60]Ibid
[61]Ibid
[62]LOUIS, Jean & JAMY. Proteus - A aventura da ciência em
quadrinhos,5. São Paulo, Abril jovem, p. 161
[63]Ibid, p. 100
[64]MORRISON, Grant & TROUG, Chas. A
Natureza da Fera. DC 2000, 5. São
Paulo, Abril, Maio de 1990, pp. 73-74
[65]MORRISON, Grant e TROUGH, Chas. Consequências. DC 2000, 28. São Paulo, Abril, abril de
1992, p. 61
[66]MORRISON, Grant & TROUGH, Chas. Aves
de Rapina in DC 2000, 11. São Paulo,
Abril, dezembro de 1990, p. 73.
[67]MORRISON, Grant & MACKEAN, Dave.
Asilo Arkhan. São Paulo,
Abril, janeiro de 1991, p. 77.
[68]Ibid, p. 44.
[69]GOULD, Stephen Jay. Os Dentes da Galinha. São Paulo, Paz e
Terra, 1996, p.53.
[70]SETO,
Cláudio. Geocinetogênese in Próton,
6. Curitiba, Grafipar, 1979, p. 13.
nos artigos "Viagem ao infinitamente grande"...
ResponderExcluirE "Viagem ao interior de uma moeda"...
Fica claro que o nosso Universo é só um átomo de outro Universo MAIOR...
Assim como, o Universo da moeda é só um átomo do universo em que vivemos...